domingo, 11 de janeiro de 2009

Itacoatiaras da Paraíba

Thomas Bruno Oliveira*

Um dos testemunhos mais profusos da existência humana no território que compreende o atual estado da Paraíba são as inscrições gravadas nos rochedos, denominadas pela ciência arqueológica de gravuras rupestres ou de itacoatiaras (do tupi: ita = pedra, kwatia = riscada). São registros realizados em formações rochosas que segundo Luciano Jacques de Morais (1924): “Em diversos pontos do Brasil têm sido assignaladas, em quasi todos os Estados, figurações rupestres(...) nas superfícies de rochedos e paredes de cavernas.” Afirmação confirmada pelas pesquisas em andamento no país.


Em nosso estado, este tipo de testemunho foi, ao longo dos tempos, descrito por estudiosos e ensaístas que se embrenharam pelos sertões, dando valorosas contribuições para a arqueologia. Cabe-nos destacar, dentre outras, as pesquisas de Louis Jacques Brunet (1853), Luciano Jacques de Moraes (1924), José de Azevedo Dantas (década de 1920), Pe. Luiz Santiago (década de 1930), Luiz Galdino (à partir da década de 1970) e Ruth Trindade de Almeida, que na década de 1970 compilou suas pesquisas no livro ‘A Arte Rupestre nos Cariris Velhos’ (1979), mencionando não só as gravuras como também diversos sítios arqueológicos de pinturas rupestres desta mesorregião do Estado.

No entanto, dois trabalhos acerca da temática têm chamado a atenção pela sua contribuição à metodologia arqueológica. São os livros ‘Ocorrências de Itacoatiaras na Paraíba’(2007) do arqueólogo Juvandi Santos e ‘A Pedra do Ingá: Itacoatiaras na Paraíba’(2ªed. 2008) do historiador e Presidente da Sociedade Paraibana de Arqueologia Vanderley de Brito.

Juvandi objetiva “...mostrar a existência de sítios arqueológicos em todo o estado da Paraíba”, elencando sítios representativos de cada mesorregião, dando início a uma sistematização identitária das gravuras à partir do aporte geográfico. Já Vanderley faz um interessante estudo inserindo a Pedra do Ingá em uma estrutura, pondo-a em paralelo com outros 24 sítios de gravuras rupestres na Paraíba, despindo-a de todas as teorias fantasiosas que se apropriaram da opulência da Itacoatiara do Ingá para corroborar com as excêntricas teorias anti-científicas. Com isso, além de provar que as inscrições são obras de paleoíndios, Brito acaba por discernir sobre as técnicas destes vestígios, inaugurando uma metodologia que vem sendo empregada nas novas pesquisas sobre gravuras.

Estes dois trabalhos são de grande importância para os estudos arqueológicos da Paraíba, sobretudo pelo seu caráter conclusivo, formulando teorias sobre a feitura e execução destes registros, contrariando outros trabalhos que se debruçam no cômodo lugar do simples descrever. Com isso, Brito e Santos inauguram o seleto grupo de teóricos da arqueologia da Paraíba, sobretudo das itacoatiaras paraibanas.



*Diretor da Sociedade Paraibana de Arqueologia

4 comentários:

Alberto Amorim disse...

Olá Denis

Tive a experiência de visitar a cidade e o sítio arqueológico quando ainda estudante de geografia, no projeto universidade solidária. Foi uma estadia inesquecível em Ingá. Sempre faço referência em minhas aulas de geografia a importância das itacoatiaras.
Parabéns pelo blog! Vou segui-lo.

Unknown disse...

Queria saber como chego de carro de Joao pessoa a esta região

Unknown disse...

sinoel,fácil,basta pegar a BR230-e dirigir 95 KM,pronto já chegou em ingá.

Ierecê Lucena disse...

Como/onde é possível obter informações sobre os horários de funcionamento e como chegar até la pedra? Não acho nada online